UM PROBLEMA SISTÊMICO COMO A CATÁSTROFE AMBIENTAL NO RIO GRANDE DO SUL
- Mariele Santos
- 7 de mai. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 3 de ago. de 2024
Os eventos extremos muitas vezes têm sua origem em desastres naturais, desencadeando uma cascata de problemas sociais que, por sua vez, convergem para questões políticas. A crise climática e suas ramificações políticas estão no centro desses desafios interligados, onde a governança se torna crucial para lidar com as consequências devastadoras desses eventos.
O iminente colapso climático clama por uma resposta imediata. Nas palavras de Marina Silva, “Diante de uma catástrofe ambiental sistêmica, é necessário reconfigurar nosso modelo econômico”. Contudo, os veículos de comunicação muitas vezes nos distraem com trivialidades, mantendo-nos desatentos à seriedade do problema. Parece que estamos de olhos vendados, incapazes de vislumbrar a verdadeira ameaça que se aproxima. Urge retirar essas vendas e encarar a realidade de frente. Os eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes e mais devastadores.

Fonte: ONU
As inundações que assolam o Rio Grande do Sul são apenas um exemplo do que está por vir se não agirmos com determinação. Não podemos mais aceitar passivamente o “novo normal” da destruição causada pelas mudanças climáticas. É hora de romper com a complacência e reconhecer as raízes profundas deste desastre iminente. A origem da emergência climática reside no sistema de produção capitalista, que privilegia a acumulação de capital em detrimento da saúde do planeta.

Cheia do Rio Taquari no Rio Grande do Sul — Foto: Diego Vara/Reuters.
Desde os anos 1950, a aceleração desenfreada do capitalismo tem alimentado a expansão urbana, o aumento do consumo de recursos naturais e a emissão descontrolada de gases de efeito estufa. Desafiar essa lógica de lucro a todo custo é imperativo, pois está levando a humanidade a um precipício ambiental. Não podemos permitir que a ganância de poucos sacrifique o bem-estar das futuras gerações e a própria sobrevivência do nosso planeta. Para evitar o colapso climático, devemos nos libertar do sistema que o produz. Isso exigirá mudanças profundas em nossas políticas, economias e comportamentos individuais. Mas é um desafio que devemos enfrentar com coragem e determinação, pois o futuro de nosso planeta está em jogo.
O Rio Grande do Sul enfrenta uma tempestade de proporções monumentais, desafiando as expectativas e rompendo com as médias históricas. Em apenas dez dias, a quantidade de chuva esperada para um ano inteiro desaba sobre a região, deixando um rastro de destruição e caos. Esse evento extremo, um ponto fora da estatística, é um alerta claro dos perigos das mudanças climáticas. As inundações no Rio Grande do Sul já afetaram 8.021 famílias indígenas, de acordo com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Foto: Leo Otero/MPI.
As comunidades mais afetadas estão localizadas em Porto Alegre, Canela, Barra do Ribeiro e Capivari do Sul, conforme relatado pelo Conselho Indigenista Missionário. Cerca de 80 povoados em 49 municípios estão enfrentando problemas relacionados às cheias. A comunidade Guarani Mbya, em Porto Alegre, Yva’ã Porã em Canela, Flor do Campo e Passo Grande Ponte em Barra do Ribeiro, e Araçaty em Capivari do Sul, são as mais afetadas. A Funai enfatiza a necessidade de reconstrução de moradias e solicita doações como água potável, materiais de higiene e limpeza, lonas, telhas, colchões e cobertores para ajudar as comunidades afetadas. A presidente da Funai, Joenia Wapuchana, destaca a importância da emissão de documentos e a coordenação entre instituições públicas para atender às necessidades das comunidades indígenas afetadas.

Comunidades e territórios indígenas afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
Os especialistas em clima estão cada vez mais alarmados com a frequência desses fenômenos. As inundações de proporções colossais não podem ser completamente evitadas, mas o manejo adequado das bacias hidrográficas pode minimizar os danos. Reduzir áreas degradadas, aumentar a cobertura florestal e controlar processos erosivos são medidas essenciais para enfrentar esses desafios. Enquanto isso, ondas de calor assolam diferentes partes do país.
São Paulo está no epicentro desse calor abrasador, com temperaturas muito acima da média para esta época do ano. A presença de uma massa de ar quente sobre a região central e o Sudeste impede a progressão de frentes frias do Sul, confinando as chuvas e agravando a situação. A capital paulista deve ter temperatura mínima de 20°C, enquanto a máxima pode chegar a 32°C no sábado. No domingo, os termômetros podem atingir 31°C.

Área vermelha do mapa indica locais afetados pela onda de calor- Climatempo.
As cidades de São José do Rio Preto, Bauru e Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, devem apresentar uma temperatura até 5°C acima da média. A máxima para esses municípios deve ser de 36°C neste sábado (4), segundo informações do Instituto. No domingo (5), essa máxima permanece em São José do Rio Preto e Bauru, enquanto Ribeirão Preto registra 34°C.
Em áreas da Baixada Fluminense e da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o aviso é que as temperaturas podem também passar de 5°C acima da média por um período de 3 a 5 dias.
Esses eventos climáticos extremos são consequência direta das mudanças climáticas, alertam os especialistas. É crucial que as cidades estejam preparadas para lidar com essas situações. Conhecendo os pontos críticos de inundação e mobilizando a população para garantir sua segurança, podemos minimizar os impactos desses eventos catastróficos. Além disso, é fundamental garantir o acesso a recursos essenciais, como água e alimentos, durante esses períodos de crise. Diante desse cenário, a preparação e a adaptação se tornam imperativas.
Locais de Doações RS:
VERIFIQUE AS INFORMAÇÕES ANTES DE DOAR
_Em Porto Alegre (RS), as doações para os indígenas podem ser entregues na Paróquia Menino Jesus de Praga, localizada na Rua Dr. Pitrez, 61, bairro Aberta dos Morros, das 8h às 12h e das 14h às 18h.
_As doações em dinheiro podem ser feitas para:
Cimi Regional Sul — O Cimi Regional Sul, a ArpinSul e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) estabeleceram uma conta bancária para receber contribuições
Banco do Brasil
Agência: 0321–2
Conta Corrente: 128891–1
VERIFIQUE AS INFORMAÇÕES ANTES DE DOAR
Comunidades afetadas pelas cheias no Rio Grande do Sul:
Água Santa: Acampamento Faxinal e TI Carreteiro (Kaingang)
Barra do Ribeiro: Passo Grande Ponte, Flor do Campo, Yvy Poty, Ka’aguy Porã, Guapo’y, Coxilha da Cruz e Tapé Porã (Guarani Mbya)
Benjamin Constant do Sul: TI Votouro (Kaingang)
Bento Gonçalves: Acampamento Kaingang em contexto urbano (Kaingang)
Cachoeira do Sul: Tekoá Araçaty, Mbya Guarani Acampamento Papagaio, Mbya Guarani Acampamento Irapuá (Guarani Mbya)
Cachoeirinha: Karandaty Mato do Júlio (Guarani Mbya)
Cacique Doble: TI Cacique Doble (Kaingang)
Camaquã: Yguá Porã Pacheca, Yvy’a Poty, Tenondé, Ka’a Mirindy, Guavira Poty (Guarani Mbya)
Canela: Konhun Mag (Kaingang)
Canela: Kurity e Yvya Porã (Guarani Mbya)
Capela de Santana: Goj Kosug (Kaingang)
Capivari do Sul: Acampamento ERS-040 e Tekoa Araçaty (Guarani Mbya)
Caraá: Varzinha (Guarani Mbya)
Carazinho: TI Yvy Kupri e Acampamento às margens da BR-285 (Kaingang)
Caxias do Sul: Aldeia Forqueta (Kaingang)
Charqueadas: Guajayvi (Guarani Mbya)
Charrua: TI Ligeiro (Kaingang)
Constantina: TI Segu (Kaingang)
Cruzeiro do Sul: Acampamento TãnhMág-RS-453 (Kaingang)
Eldorado do Sul: Pekuruty (Guarani Mbya)
Engenho Velho: TI Serrinha (Kaingang)
Erebango: Aldeia Mato Preto (Guarani)
Erebango: TI Ventara (Kaingang)
Estrela: Jamã Tý (Kaingang)
Estrela Velha: Ka’aguy Poty (Guarani Mbya)
Farroupilha: Pãnónh Mág (Kaingang)
Faxinalzinho: TI Kandóia (Kaingang)
Ibiraiaras e Moliterno: TI Monte Caseiros (Kaingang)
Iraí: Goj Veso e Aeroporto (Kaingang)
Lajeado: Foxá (Kaingang)
Lajeado do Bugre: TI Passo dos Índios (Kaingang)
Maquiné: Ka’aguy Porã, Yvy Ty e Guyra Nhendu (Guarani Mbya)
Mato Castelhano: Tijuco Preto (Kaingang)
Osório: Tekoa Sol Nascente (Guarani Mbya)
Palmares do Sul: Granja Vargas (Guarani Mbya)
Passo Fundo: Goj Nhur e Fág Nor (Kaingang)
Porto Alegre: Polidoro (Charrua)
Porto Alegre: Gãh Ré Morro Santana, Tupé Pan Morro do Osso (Kaingang)
Porto Alegre: Ponta do Arado, Pindó Poty, Mbya Anhatengua (Guarani Mbya)
Riozinho: Ita Poty (Guarani)
Rodeio Bonito e Liberato Salzano: TI Rio da Várzea (Kaingang)
Salto do Jacuí: Horto Florestal, Aeroporto e Júlio Borges (Kaingang)
Salto do Jacuí: Tekoá Porã (Guarani Mbya)
Santa Maria: Kētƴjyg Tēgtū Três Soitas (Kaingang)
Santa Maria: Guaviraty Porã (Guarani Mbya)
Santo Ângelo: Yakã Ju (Guarani Mbya)
São Francisco de Paula: Konglui (Xokleng)
São Gabriel: Jekupe Amba (Guarani Mbya)
São Leopoldo: Por Fi Gá (Kaingang)
São Miguel das Missões: Koenju (Guarani Mbya)
Tabaí: PoMag (Kaingang)
Terra de Areia: Yy Rupa (Guarani Mbya)
Torres: Nhu Porã (Guarani Mbya)
Viamão: Nhe’engatu Fepagro, Pindó Mir
Commentaires