TÉRMINO DO EL NIÑO EM JUNHO E EXPECTATIVA DE LA NIÑA NA SEGUNDA METADE DE 2024
- Mariele Santos
- 10 de mai. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 3 de ago. de 2024

La Niña com temperaturas altas: Ameaça à produtividade e desafios para o Agro — Foto: OceanOPS.
A Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA), dos Estados Unidos, aumentou para 69% a probabilidade de que se desenvolva o fenômeno La Ninã entre os meses de julho, agosto e setembro deste ano. O número foi divulgado em relatório de atualização mensal e apresenta um aumento de 9% em relação à previsão do mês anterior.
O fenômeno climático conhecido como La Niña é caracterizado pela redução das temperaturas na região do Pacífico em pelo menos 0,5ºC em relação à média histórica. Essa alteração na temperatura da superfície do oceano tem repercussões significativas no clima global, com efeitos distintos em diferentes regiões.
O fenômeno climático conhecido como El Niño e seu oposto, o La Niña, representam extremos opostos no sistema climático global. Enquanto o El Niño é caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, o La Niña é marcado por um resfriamento dessas mesmas águas. Aqui está uma explanação mais detalhada das diferenças entre os dois fenômenos:
El Niño:
Aumento da temperatura da superfície do oceano no Pacífico Equatorial.
Pode causar mudanças drásticas nos padrões de vento e precipitação ao redor do mundo.
No Brasil, costuma trazer chuvas intensas para a região Sul e Sudeste, além de secas em partes do Nordeste.
Pode resultar em eventos climáticos extremos, como enchentes, secas, e tempestades tropicais em várias partes do mundo.
Impacta a pesca, agricultura e economia global, afetando o preço e a disponibilidade de commodities agrícolas.
La Niña:
Resfriamento anômalo das águas superficiais do Pacífico Equatorial.
Geralmente causa um aumento na frequência e intensidade dos fenômenos climáticos normais, como a ocorrência de secas e inundações.
No Brasil, pode trazer chuvas intensas para o Norte e Nordeste, enquanto provoca estiagem no Sul.
Afeta a agricultura, pesca e a disponibilidade de recursos hídricos em diversas regiões do mundo.
Pode levar a condições climáticas extremas, como ondas de calor, incêndios florestais e tempestades.

Elaborado: Mariele Santos.
No Brasil, o La Niña geralmente traz chuvas intensas para as regiões Norte e Nordeste, enquanto provoca estiagem no Sul do país. Essa disparidade climática pode desencadear uma série de consequências, desde impactos na produção agrícola até questões relacionadas aos preços dos alimentos e ao abastecimento de energia elétrica.
Além dos impactos diretos na agricultura, a estiagem histórica associada ao La Niña também pode resultar em aumentos nos custos de energia elétrica. A redução do volume de água nos reservatórios das hidrelétricas, principalmente nas regiões Centro-Sul, levanta preocupações sobre a disponibilidade energética e os custos associados.
No entanto, as previsões para o La Niña deste ano apontam para um cenário mais benigno. A expectativa é de uma transição suave do fenômeno, com menor impacto nas lavouras e nos reservatórios, refletindo em uma pressão menos intensa sobre os preços ao longo de 2024.

Especialistas acreditam que La Niña não deve trazer reflexos tão severos nos preços dos alimentos este ano. — Foto: Adriana Toffetti/Ato Press/Estadão Conteúdo
Estratégias de Mitigação para os Impactos Climáticos na Agricultura
Agricultores enfrentam desafios cada vez maiores decorrentes das mudanças climáticas, que afetam diretamente a produtividade e a qualidade das colheitas. No entanto, estratégias de mitigação podem ser adotadas para enfrentar esses desafios e manter a sustentabilidade das operações agrícolas. Abaixo, apresentamos algumas dessas
estratégias:
1. Seleção de cultivares adaptadas: Utilizar variedades de culturas adaptadas a temperaturas mais elevadas e com maior tolerância ao estresse hídrico e térmico é fundamental. Essas variedades têm maior probabilidade de resistir aos impactos adversos do clima e manter níveis aceitáveis de produtividade.
2. Manejo eficiente da água: O uso eficiente da água é crucial em tempos de mudanças climáticas. A adoção de tecnologias de irrigação de precisão e práticas de conservação de água pode ajudar a otimizar o uso desse recurso escasso. Além disso, o manejo adequado do solo contribui para a retenção da umidade, reduzindo a necessidade de irrigação.
3. Monitoramento climático e ajustes operacionais: O acompanhamento regular das previsões climáticas de curto e longo prazo é essencial. Com base nessas informações, os agricultores podem ajustar suas práticas de plantio, irrigação e colheita para melhor se adaptarem às condições climáticas previstas.
Por exemplo, durante eventos como o La Niña, é possível antecipar chuvas intensas ou estiagens e tomar medidas preventivas.
O La Niña, caracterizado por temperaturas mais frias no Pacífico, pode causar chuvas intensas em algumas regiões e estiagem em outras. Em 2020–2023, esse fenômeno teve fortes impactos na produção agropecuária, resultando em aumento dos custos de produção e pressão sobre os preços dos alimentos.
Para 2024, as previsões apontam para um La Niña menos prejudicial, com reflexos mais leves sobre os preços. A transição suave para o fenômeno, prevista para ocorrer a partir de agosto, e as condições favoráveis de produção em outros países ajudam a aliviar as preocupações com a inflação de alimentos.
As culturas típicas do inverno, como trigo e cevada, podem enfrentar estresse térmico devido a temperaturas mais altas. Isso pode resultar em menor crescimento, floração e formação de grãos, afetando a qualidade e o rendimento da safra. Além disso, as temperaturas mais altas podem acelerar o ciclo vegetativo das plantas, reduzindo o tempo disponível para a absorção de nutrientes e realização da fotossíntese, o que também impacta negativamente a produtividade.
Em suma, a adoção de estratégias de mitigação, juntamente com um monitoramento atento das condições climáticas e uma abordagem proativa na gestão das operações agrícolas, é essencial para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e garantir a sustentabilidade da agricultura no futuro.
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