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TECNOLOGIAS SOCIAIS: CATALISADORAS DA TRANSFORMAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL

  • Foto do escritor: Mariele Santos
    Mariele Santos
  • 16 de out. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 6 de fev.


 

Arte- Anne Gonnzales.
Arte- Anne Gonnzales.

As Tecnologias Sociais não são apenas soluções para problemas imediatos; elas representam um convite para repensar a maneira como concebemos o desenvolvimento e o progresso. No campo da educação, sua aplicação pode ser o catalisador de uma verdadeira revolução, tornando o ensino mais inclusivo, acessível e conectado às realidades locais. Ao integrar as Tecnologias Sociais nas políticas públicas e acadêmicas, podemos construir um sistema educacional que não apenas prepare cidadãos para o mercado de trabalho, mas também os capacite a serem protagonistas de suas próprias trajetórias de vida.


Esse conceito se tornou particularmente vivo para mim durante meu primeiro contato com Tecnologias Sociais, ainda na universidade. Foi um momento de descoberta, em que percebi como essas inovações poderiam ser aplicadas de maneira prática e transformadora. A experiência me mostrou que o conhecimento não deveria apenas reproduzir o que já existia, mas servir de ferramenta para transformar realidades sociais. O aprendizado na universidade me abriu os olhos para o potencial dessas tecnologias, especialmente quando se trata de aplicá-las em comunidades vulneráveis.


Vivemos em uma era em que a tecnologia é ubíqua, moldando praticamente todos os aspectos da vida em sociedade. No entanto, há uma distinção essencial entre a tecnologia utilizada para o crescimento econômico e aquela voltada para a transformação social. No campo das inovações, exaltamos frequentemente as chamadas tecnologias convencionais — aquelas que impulsionam a eficiência e lucratividade de empresas. No entanto, as Tecnologias Sociais, cujo objetivo primordial é enfrentar problemas sociais e gerar impacto positivo, também merecem seu espaço de reconhecimento.


As Tecnologias Sociais não são apenas ferramentas; são processos colaborativos que partem das necessidades reais da população, buscando soluções sustentáveis e inclusivas. Enquanto as tecnologias convencionais seguem a lógica do mercado, promovendo ganhos financeiros, as Tecnologias Sociais se baseiam em metodologias científicas e colaborativas, democratizando o acesso a recursos e oportunidades. Foi esse aspecto participativo e focado na inclusão que despertou meu interesse desde a universidade, onde participei de projetos que envolviam comunidades e empoderamento social, principalmente no contexto educacional.


A Invisibilidade das Tecnologias Sociais no Meio Acadêmico

Apesar de seu imenso potencial, as Tecnologias Sociais ainda ocupam um espaço periférico nas discussões acadêmicas. O conhecimento científico, historicamente, tem sido instrumentalizado em favor do capital, priorizando inovações que reproduzem a lógica de mercado e reforçam as desigualdades sociais. No entanto, quando tive meu primeiro contato com essas tecnologias, percebi o quanto elas podiam desafiar essa lógica ao promover a justiça social.


Nas universidades, as pesquisas que buscam o lucro e a competitividade global muitas vezes recebem maior atenção e financiamento, em detrimento de abordagens que priorizem o impacto social. Essa marginalização das Tecnologias Sociais reflete uma mentalidade que valoriza a eficiência técnica acima da justiça social.


A educação no Brasil é um exemplo emblemático da crise social que as Tecnologias Sociais podem ajudar a enfrentar. Mesmo com a expansão do acesso à educação, a qualidade do ensino brasileiro continua abaixo dos padrões internacionais, principalmente em regiões vulneráveis. As políticas públicas têm falhado em reduzir as disparidades regionais, e muitos projetos educacionais não se adaptam às realidades locais.


As Tecnologias Sociais oferecem uma alternativa inovadora. Com base em metodologias científicas e problematizações claras, elas podem reformular a maneira como abordamos a educação no país. Essas tecnologias são desenhadas para responder diretamente aos desafios específicos das comunidades, permitindo que soluções locais sejam implementadas de maneira inclusiva. Lembro-me de como, na universidade, explorei a aplicação dessas metodologias em projetos educacionais, e pude perceber como, ao atuar de forma colaborativa, criávamos soluções que realmente faziam diferença na vida das pessoas.


Exemplos de Tecnologias Sociais nas Universidades Federais: Caminhos para a Transformação

Algumas universidades federais têm sido pioneiras na implementação de Tecnologias Sociais, especialmente através das Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares (ITCPs) e das Incubadoras Tecnológicas de Empreendimentos Solidários (ITESs). Essas incubadoras promovem a economia solidária e desenvolvem soluções sustentáveis em parceria com comunidades de baixa renda. São espaços onde o conhecimento científico é aplicado diretamente para gerar impacto social positivo.


Fonte: Outras Palavras.
Fonte: Outras Palavras.

A ITCP da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por exemplo, fortalece cooperativas populares em favelas, utilizando abordagens colaborativas para promover o empreendedorismo social e a autossuficiência econômica. Com o apoio técnico e capacitação oferecidos pela universidade, essas cooperativas conseguem desenvolver modelos de negócios sustentáveis, garantindo a inclusão de populações historicamente excluídas.


Outro exemplo é a ITCP da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que promove práticas de economia solidária em diversas regiões do estado. Com foco na autogestão e na valorização do trabalho coletivo, a ITCP da UFMG tem contribuído para a criação de novos modelos de organização social, que respondem de forma mais eficiente e democrática às necessidades locais.


Essas iniciativas demonstram que, mesmo em pequenas ações, quando o conhecimento científico é direcionado para o impacto social, os resultados podem ser transformadores. A partir de intervenções locais, podem surgir mudanças estruturais profundas. Quando aplicadas à educação, as Tecnologias Sociais têm o potencial de reduzir disparidades regionais e melhorar significativamente a qualidade do ensino em áreas vulneráveis, construindo um sistema educacional mais justo e inclusivo.


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