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TECNOLOGIA À DERIVA

  • Foto do escritor: Mariele Santos
    Mariele Santos
  • 24 de jan. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 3 de ago. de 2024


Entre o Drama Distópico e os Desafios da Inteligência Artificial



 

O Mundo Depois de Nós — Ali, Herrold, Roberts e Hawke: suspense apocalíptico sobre a paranoia digital — Foto: Divulgação/Netflix.


O filme da Netflix tem cativado os assinantes, porém, desde seu lançamento, tem gerado dúvidas. Com Ethan Hawke, Julia Roberts e Mahershala Ali no elenco, este drama distópico dirigido por Sam Esmail e baseado no livro de Rumaan Alam retrata os desafios enfrentados por duas famílias durante um colapso tecnológico nos Estados Unidos. Além das tensões dramáticas, o filme apresenta enigmas em vários momentos, abordando de maneira subjetiva temas como desunião, preconceitos e alienação.


As duas famílias tentam se conciliar no meio do fim do mundo — Foto: Divulgação/Netflix.


O enredo de “O Mundo Após Nós”: O casal Amanda (Roberts) e Clay (Hawke) Sandford, residentes em Nova Iorque, decide passar um final de semana em uma casa de veraneio. Ao levar os filhos para o local, a família testemunha eventos estranhos, como a presença de cervos na casa e um navio-petroleiro invadindo a praia. A situação se torna ainda mais bizarra com o retorno de G.H. Scott (Ali), que afirma ser o verdadeiro dono da casa alugada por Amanda e Clay. Ele expõe um fenômeno inexplicável semelhante a um blecaute nacional, levando as duas famílias a compartilharem o mesmo espaço, tentando desvendar o que ocorreu com o mundo.


A trama introduz eventos estranhos gradualmente, como a perda de meios de transporte devido à falta de comunicação, resultando em quedas de aviões, colisões de automóveis autônomos e encalhe de navios. A ausência de tecnologia afeta o fluxo de animais urbanos e florestais, enquanto a população perde o acesso a rádio, internet, televisão e telefone. Possíveis explicações surgem quando G.H. compartilha um alerta recebido de um cliente do Pentágono e, posteriormente, ao conhecer Danny, um sobrevivencialista que especula sobre um possível ataque coreano.


Apesar do foco no caos apocalíptico, o filme aborda questões mais subjetivas, como preconceitos, individualismo, dependência digital, desinformação e deterioração das relações sociais. A superficialidade na exploração desses temas deixa uma lacuna significativa no filme, conferindo-lhe um ar de terror digno de um fim do mundo, mas sem aprofundamento.


Com a queda das comunicações, os meios de transporte ficaram sem direcionamento — Foto: Divulgação/Netflix.


O Mundo Depois de Nós não tem coragem suficiente para se entregar à negatividade dessa realidade, deixando um resquício de “se nos unirmos, podemos sobreviver”, o que dilui um pouco o impacto da proposta. Entretanto, isso não é o bastante para que saiamos do filme com outra sensação além da inevitabilidade. O argumento fica óbvio desde cedo, mas é difícil não se sentir assombrado pelo quão palpável este apocalipse é. Os ingredientes sociais necessários para desencadeá-lo já existem, e os dominós já estão enfileirados. Basta um pequeno impulso.


Assim como no filme, onde eventos apocalípticos ocorrem devido à ausência de comunicação e controle, a falta de diretrizes claras para o desenvolvimento e uso ético da IA pode desencadear consequências imprevisíveis e indesejáveis.


No contexto da IA, a falta de informação refere-se à compreensão limitada ou até mesmo ao desconhecimento do público em geral sobre como os sistemas de IA operam e tomam decisões. Isso cria um vácuo de conhecimento explorado por desenvolvedores, resultando em algoritmos opacos e envoltos em mistério. A falta de transparência pode gerar desconfiança pública e, mais preocupante, em sistemas de IA que operam com viés ou prejudicam certas comunidades devido à falta de supervisão.


Da mesma forma, a ausência de regulamentação eficaz abre espaço para o uso irresponsável e potencialmente prejudicial da IA. Sem diretrizes claras para orientar o desenvolvimento e o uso ético da tecnologia, há riscos de que sistemas de IA sejam implantados sem consideração adequada para os impactos sociais, éticos e de segurança. O cenário se assemelha à trama em que eventos catastróficos são desencadeados devido à falta de controle e coordenação.


Portanto, assim como a narrativa de O Mundo Depois de Nós destaca os perigos resultantes da ausência de informações e controle em um contexto distópico, a falta de entendimento e regulamentação adequada da IA pode representar uma ameaça real, demandando uma abordagem cuidadosa para garantir que a tecnologia seja desenvolvida e utilizada de maneira responsável e segura.


A pergunta inevitável que fica é: esse apocalipse da IA já começou?

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