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RIO PIRACICABA E TANQUÃ SOFREM COM A MORTANDADE DE PEIXES DEVIDO A POLUIÇÃO

  • Foto do escritor: Mariele Santos
    Mariele Santos
  • 24 de jul. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 6 de fev.


 

Multas são suficientes para combater crimes ambientais?


Água escura e ‘nata’ descrita por Nivaldo — Foto- Rodrigo Pereira/ g1.



Nos últimos dias, o Rio Piracicaba e seus afluentes foram palco de duas grandes ocorrências de mortandade de peixes. A primeira, registrada em 7 de julho, ocorreu na zona urbana de Piracicaba (SP). Já a segunda, iniciada na segunda-feira (15), aconteceu no bairro Tanquã, uma área de proteção ambiental conhecida como "minipantanal" paulista.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) identificou que a causa da mortandade dos peixes foi o despejo irregular de poluentes agroindustriais por uma usina de açúcar e álcool localizada em Rio das Pedras (SP). Apesar de o despejo irregular ter sido interrompido, os resíduos seguiram o curso do rio, alcançando o Tanquã e causando uma nova mortandade de peixes a partir de 15 de julho.



Peixes mortos se concentram no ponto de onde partem os barcos, em trecho do Tanquã em São Pedro (SP) — Foto- Rodrigo Pereira/ g1.


Ainda não se sabe o número exato de peixes mortos. No entanto, uma força-tarefa criada para a limpeza do Rio Piracicaba recolheu 2,97 toneladas de peixes mortos apenas na zona urbana. No domingo (21/7), o trabalho de retirada dos peixes mortos foi intensificado, com equipes da Polícia Militar Ambiental e da Defesa Civil empenhando dez embarcações, dois hidrotratores e mais de 30 agentes. Até às 14h15 do mesmo dia, foram retiradas 36 toneladas de peixes mortos. Estima-se que mais de 235 mil espécimes tenham sido afetadas pela redução drástica dos níveis de oxigênio no rio registrada desde o início do mês.



A coleta dos peixes está sendo executada por meio de botes e barcos.


Uma análise de amostras de água confirmou que a causa foi o despejo de substâncias residuais do processo industrial da Usina São José, produtora de açúcar e etanol. A Cetesb multou a empresa em R$ 18 milhões. A Usina São José admitiu, em nota ao Ministério Público, a responsabilidade pelo vazamento de resíduos industriais, mas negou que isso tenha sido suficiente para causar a mortandade dos peixes. A empresa também afirmou que, até o momento, não recebeu evidências que demonstrem nexo causal entre suas operações e os danos ambientais. Além disso, destacou que as operações estavam interrompidas desde 2020 e que não gera o subproduto conhecido como vinhaça, presente em vários casos anteriores.



Local de caminhamento das águas residuais pela vegetação graminha até o Rib.Tijuco Preto.


Ainda enfrentamos um significativo nível de negacionismo ambiental, onde algumas pessoas e empresas ignoram ou minimizam a gravidade das questões ambientais. Esse negacionismo pode se manifestar de várias formas, desde a recusa em reconhecer as evidências científicas sobre mudanças climáticas e poluição até a rejeição das necessidades de regulamentação e medidas corretivas. Esse comportamento é impulsionado por interesses econômicos, falta de informação ou resistência à mudança.

Dentro do capitalismo, multas por crimes ambientais frequentemente não são suficientes para combater efetivamente o problema, pois muitas empresas podem considerar o custo das multas como um “custo operacional” menor comparado ao custo de implementar práticas ambientais adequadas. Para que as multas sejam realmente eficazes, é necessário que elas sejam suficientemente altas para desestimular o comportamento prejudicial, acompanhadas de uma fiscalização rigorosa e penalidades adicionais para reincidências.

Mesmo com soluções criativas como pagamento por resultados ambientais, certificações positivas e seguros específicos, muitas vezes essas medidas não são totalmente eficazes se não forem acompanhadas de uma fiscalização rigorosa e uma forte aplicação da lei. Para garantir que empresas não assumam o risco de pagar multas em vez de adotar práticas sustentáveis, é necessário um sistema integrado de monitoramento, maior transparência e responsabilidade social corporativa.

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