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PONTO DE NÃO RETORNO

  • Foto do escritor: Mariele Santos
    Mariele Santos
  • 10 de ago. de 2023
  • 5 min de leitura

Atualizado: 3 de ago. de 2024


 

No arquipélago de Lampedusa, mais uma triste ocorrência marcou a jornada de refugiados provenientes da África subsaariana. Um barco precário naufragou, resultando na perda trágica de 40 vidas até o momento. Estatísticas alarmantes revelam que o número de óbitos nas costas da Itália e Grécia aumentou quatro vezes em relação aos anos anteriores. Esse cenário sombrio aponta para a urgência das Metas de Desenvolvimento Sustentável (ODS*), uma vez que se entrelaça com questões políticas críticas e aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG*).


No último dia 3 de agosto de 2023, um grupo composto por 45 migrantes partiu de Sfax, na Tunísia, em busca de segurança e oportunidades. Tragicamente, após apenas seis horas de viagem, um forte aguaceiro provocou o naufrágio da embarcação.



Foto: Juan Medina- agenciabrasil


Há naufrágios dos quais não ficamos sabendo”, lamentou Di Giacomo porta-voz da Organização Internacional para as Migrações, Pedindo “patrulhas de barcos europeus para monitorar a rota tunisiana e a rota líbia. “Do contrário, seremos testemunhas de um desastre neste verão.

No Mediterrâneo, os incidentes como esse não são casos isolados. Desde 2014, mais de 27 mil vidas foram perdidas ou desapareceram na perigosa travessia entre a Europa e a África, sendo 21 mil delas somente na região onde ocorreu esse último naufrágio, conforme dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Cerca de 25 mil dessas fatalidades foram resultantes de afogamentos, destacando a necessidade urgente de fortalecer as estruturas de segurança e socorro marítimo.


É evidente que esses náufragos enfrentam não apenas os desafios naturais, mas também o medo enraizado de falar sobre as tragédias, provavelmente devido à ameaça imposta de seres humanos. O silêncio ressalta o medo evidenciando a importância das Metas de Desenvolvimento Sustentável relacionadas a redução das desigualdades (ODS 10*) e parcerias para o alcance dos objetivos (ODS 17*), a fim de enfrentar essa crise humanitária em todos os seus aspectos.


Em um contexto político, o Ministério do Interior da Itália reportou um aumento alarmante de 110% no número de migrantes forçados e refugiados recebidos via Mediterrâneo em 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Isso exige uma abordagem política coordenada e coerente, alinhada com as Metas de Desenvolvimento essas tragédias ressaltam ainda mais a crise humanitária, destacando a dimensão social (S) dentro do ESG (Ambiental, Social e Governança)ao abordar as necessidades urgentes dos migrantes, os desafios dos direitos humanos e a cooperação internacional para enfrentar essa questão complexa.


Poucos acontecimentos têm um impacto visual tão marcante quanto as ondas de calor e incêndios descontrolados que têm varrido a Europa e os Estados Unidos. Na Noruega, as chuvas alcançaram níveis alarmantes, levando à ruptura de uma barragem, o que resultou em uma inundação devastadora que deixou mais de mil pessoas desabrigadas.


Fonte: CWFIS, FireSomke, Governo do Canadá


No entanto, é a assombrosa cena dos incêndios sem precedentes no Havaí que atrai a atenção de forma mais intensa, recordando-nos da impiedosa força dessa época. Cidades inteiras foram reduzidas a cinzas, com perdas de vidas contabilizadas na dezena. Diante da angústia, moradores se lançaram nas águas do mar, buscando escapar das chamas vorazes.


Foto: EPA / BBC News Brasil- Vista aérea de prédios danificados e fumaça na cidade de Lahaina


Furacões exacerbam as condições climáticas propícias a incêndios


Enquanto a tempestade se desloca ao sul da região, um sistema de alta pressão permanece estagnado ao norte, criando uma combinação de forças que resultam em ventos fortes e perigosos, alertou o Serviço Nacional de Meteorologia. Esses ventos, combinados com níveis de umidade baixos, têm gerado um ambiente climático extremamente propenso a incêndios até uma data determinada.


Além disso, a climatologista e geógrafa Abby Frazier, da Clark University, destaca que o furacão Dora não é o primeiro a contribuir para incêndios de grande escala no Havaí. Ela observa que, durante a estação chuvosa, os materiais combustíveis se acumulam e secam durante a estação seca, e a combinação desses materiais secos com os ventos fortes e a baixa umidade provenientes do furacão Dora gera um cenário de alto risco para incêndios.

O fenômeno climático El Niño também desempenha um papel, pois indica uma atividade mais intensa de furacões no Pacífico central, agravando ainda mais as condições de seca e aumentando a probabilidade de incêndios no futuro imediato.


A falta de chuvas intensifica a propagação do fogo


Incêndios frequentes ocorrem em regiões da ilha que estão enfrentando condições de seca. Cerca de um terço de Maui está sob a influência de uma seca moderada, enquanto algumas áreas enfrentam seca severa, de acordo com o Monitor de Secas dos EUA.

A terra e a vegetação secas se tornam um combustível propício para os incêndios florestais, especialmente quando combinados com ventos fortes que podem empurrar as chamas em direção às comunidades, resultando em ameaças fatais.


Os cientistas estão em busca de uma compreensão mais profunda de como a crise climática afetará o Havaí. No entanto, é consenso que a seca tende a se agravar à medida que as temperaturas globais aumentam. O aumento das temperaturas resulta em uma atmosfera mais sedenta, o que desidrata a paisagem e contribui para as condições de seca.


Alterações na ocupação do solo


A geografia montanhosa e variada do arquipélago cria áreas de difícil acesso, muitas vezes inacessíveis para equipes terrestres e veículos de combate a incêndios. Essas áreas remotas e acidentadas dificultam o rápido deslocamento das equipes e o estabelecimento de linhas de contenção eficazes, permitindo que os incêndios se propaguem com mais intensidade e velocidade.


Além disso, as variações na topografia podem influenciar na direção e na intensidade dos ventos, que por sua vez afetam a propagação do fogo. Vales estreitos e desfiladeiros podem acelerar a disseminação das chamas, enquanto picos e cristas podem criar barreiras naturais que dificultam o controle do incêndio. Essas características geográficas complexas demandam uma abordagem de combate mais adaptável e flexível, muitas vezes envolvendo técnicas aéreas para lançamento de retardantes e resfriamento das áreas afetadas.


Limiar Irreversível


O termo “ponto de não retorno” é utilizado por especialistas para indicar o estágio em que uma floresta perde sua capacidade de regeneração devido ao desmatamento, destruição e aquecimento global, avançando em direção à desertificação.


Esses eventos extremos têm implicações significativas para a dimensão do (ESG*), afetando diretamente as comunidades locais. A destruição de cidades inteiras e a perda de vidas, mencionadas na casa das dezenas, representam um impacto devastador que requer uma resposta coordenada e solidária por parte das autoridades e organizações relevantes.


A urgência de proteger a vida humana e os meios de subsistência se torna evidente conforme os moradores, em um ato de desespero, buscam refúgio nas águas do mar para escapar das chamas avassaladoras.


REFERÊNCIAS





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