O QUE VAI MUDAR? MARK ZUCKERBERG ANUNCIA NOVAS REGRAS NAS REDES SOCIAIS
- Mariele Santos
- 8 de jan.
- 2 min de leitura
Atualizado: 6 de fev.
No dia 7 de janeiro de 2025, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou mudanças significativas nas políticas de moderação das plataformas Facebook, Instagram e WhatsApp. O anúncio, feito sob a justificativa de um retorno às “raízes da liberdade de expressão”, levanta questões sobre o papel das grandes plataformas no debate público e suas estratégias diante das pressões globais por maior regulação.
Zuckerberg posiciona a Meta como uma defensora da liberdade de expressão, mas suas ações revelam contradições profundas. A substituição de verificadores de fatos por um sistema colaborativo, como o “Community Notes”, pode parecer uma abordagem mais democrática, mas deixa questões cruciais em aberto. Será que confiar aos usuários a moderação de conteúdos em larga escala é eficaz em um ambiente já saturado de desinformação? Ou essa medida é, na verdade, uma forma de transferir a responsabilidade para a comunidade, isentando a Meta de críticas e consequências legais?

Além disso, a simplificação das políticas de conteúdo levanta preocupações. Ao eliminar restrições sobre temas sensíveis, como imigração e gênero, a Meta corre o risco de aumentar o discurso fértil para discursos de ódio e desinformação, sob o pretexto de proteger opiniões divergentes. Liberdade de expressão não pode ser um passe livre para a propagação de narrativas prejudiciais à democracia e aos direitos humanos.
O alinhamento da Meta com figuras políticas e ideologias específicas é outro ponto problemático. Zuckerberg menciona trabalhar com o presidente Donald Trump para enfrentar regulações globais e cita países como Alemanha, China e nações da América Latina como exemplos de regimes que, segundo ele, limitam a liberdade de expressão. Esse discurso, no entanto, mascara a postura historicamente ambígua da Meta diante de regimes autoritários e governos repressivos, nos quais a empresa muitas vezes optou por colaborar em vez de resistir.
Foi anunciado a transferência das equipes de moderação da Califórnia para o Texas, projetando uma imagem de neutralidade, mas a decisão soa como um aceno às narrativas conservadoras dos EUA, afastando-se de uma abordagem global equilibrada. Apesar de admitir falhas nos filtros automáticos, ele não explica como as novas medidas evitarão a disseminação de desinformação, enquanto o uso de notas colaborativas parece mais uma estratégia para reduzir custos e evitar conflitos políticos.
Ao criticar regulações na Europa, América Latina e China, a Meta tenta se posicionar como defensora da liberdade de expressão, ignorando que essas leis visam proteger cidadãos contra abusos e desinformação. A referência ao X (antigo Twitter) como modelo é particularmente contraditória, dado seu histórico recente de caos informacional.
As mudanças são mais que ajustes técnicos; são uma declaração política. Sob o pretexto de proteger a liberdade, a Meta busca evitar regulações mais rígidas e fortalecer sua influência global.
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