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O AMANHÃ NÃO ESTÁ À VENDA

  • Foto do escritor: Mariele Santos
    Mariele Santos
  • 10 de nov. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 3 de ago. de 2024


Estamos ao ponto de uma crise humanitária


 


Estamos vivendo um período desafiador em escala global, e a colaboração entre saberes antigos e modernos pode ser fundamental para encontrar significado e soluções. Um novo relatório da Cruz Vermelha alerta que até 2050, o número de pessoas necessitando de assistência humanitária dobrará devido às mudanças climáticas. Intitulado “O Custo de Não Fazer Nada”, o documento destaca que atualmente, 2 milhões de pessoas precisam de ajuda todas as semanas devido a eventos relacionados à emergência climática.


Estima-se que até 2030, serão necessários US$ 20 bilhões para fornecer assistência a essas pessoas. A urgência de agir é evidenciada pelo relatório, que aponta o custo assustador de não fazer nada, ao mesmo tempo em que ressalta a oportunidade de implementar ações eficazes agora.


A Cruz Vermelha enfatiza a importância de priorizar o desenvolvimento inclusivo e inteligente para o clima, investindo em adaptação climática, redução do risco de desastres e aprimoramento de sistemas de alerta precoce, o que pode reduzir em até 90% o número de pessoas necessitando de assistência humanitária internacional.

Os especialistas acreditam que a ação imediata da comunidade global pode fazer a diferença, criando resiliência, adaptação e enfrentando a atual crise climática, evitando um futuro caracterizado pelo agravamento do sofrimento e dos custos da resposta humanitária.



Balsa de garimpo em Terra Indígena Yanomami. (Foto: Guilherme Gnippe/ Funai)



O livro “Futuro Ancestral” de Ailton Krenak, líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro da etnia indígena krenaque, desafia as noções convencionais de progresso e desenvolvimento. Organizado a partir de cinco ensaios, esta obra é resultado de conferências e debates realizados entre 2020 e 2021, abordando uma ampla gama de tópicos relacionados à relação entre seres humanos e natureza, tempo e espaço. Ailton Krenak é reconhecido internacionalmente e também detém o título de professor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Além disso, ele é Imortal da Academia Brasileira de Letras e é considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro.


A água, que flui como um rio sinuoso ao longo dos ensaios, é um elemento central na obra de Krenak, representando a força e o ritmo da natureza. Ela serve como contraponto aos ritmos acelerados de trocas e fluxos de mercadorias e pessoas na era pós-pandemia. O autor critica a destruição ambiental e a modernização desenfreada que substitui a paisagem natural e urbana por concreto, vidro e aço em nome do progresso. Krenak denuncia os desastres ambientais, como o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho em 2019, que resultou em centenas de mortes e deslocamentos. Enquanto isso, a Vale, uma empresa mineradora, obteve lucros recordes.


Ele argumenta que a exploração desenfreada de recursos naturais é incompatível com o “bem-viver” e pertencer a um lugar. O autor propõe um retorno ao presente-futuro, que ele descreve como um estado de simplicidade e continuidade, exemplificado pela remada dos meninos Yudjá na canoa, que ecoa os gestos de seus ancestrais. Essa continuidade simboliza uma resistência ancestral e a reunião de tempos e significados no presente. Krenak destaca a importância do conhecimento ancestral, da relação com a natureza e da harmonia com o ambiente.


Em resumo, “Futuro Ancestral” é um chamado à reflexão sobre a relação entre humanidade e natureza, passado e futuro, e a necessidade de valorizar a sabedoria ancestral para construir um mundo mais sustentável. O livro enfatiza a importância de resistir à devastação ambiental e reconectar-se com as lições deixadas por nossos antepassados.



Marcelo Camargo/Agência Brasil



Futuro Ancestral ?


 


REFÊNCIAS


DANOWSKI, Deborah; CASTRO, Eduardo Viveiros. Há Mundo Por Vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Florianópolis: Editora Cultura e Barbárie: Instituto Socioambiental, 2014.


KRENAK, Ailton. Futuro ancestral. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

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