top of page

FORMAÇÃO GEOPOLÍTICA E OS PERIGOS DAS GUERRAS, MIGRAÇÕES FORÇADAS E EXTREMOS CLIMÁTICOS

  • Foto do escritor: Mariele Santos
    Mariele Santos
  • 3 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 6 de fev.


 

Imagem- jpmas.
Imagem- jpmas.

A formação geopolítica dos territórios sempre esteve profundamente conectada a disputas por poder, controle de recursos naturais e rivalidades históricas. Ao longo do tempo, as fronteiras foram desenhadas e redesenhadas por conflitos e guerras, frequentemente impulsionadas pelo interesse em dominar reservas de petróleo, gás natural e outros minerais cruciais para as economias modernas. Hoje, o mundo testemunha mais de 30 conflitos armados ativos, concentrados em regiões como o norte da África, Golfo Pérsico, península Arábica e leste europeu, onde potências globais e regionais lutam por influência e controle estratégico.


Esses conflitos resultam em migrações forçadas em grande escala, expondo milhões de pessoas a situações de extrema vulnerabilidade. No Oriente Médio, por exemplo, a recente escalada de violência entre Israel e Hezbollah, envolvendo a destruição de infraestruturas críticas no Líbano, já deslocou mais de um milhão de pessoas. A tensão crescente na região, com a possibilidade de envolvimento do Irã em um conflito mais amplo, aponta para um cenário de êxodo massivo e consequências humanitárias devastadoras.


Além da guerra, os eventos climáticos extremos estão emergindo como uma das principais causas de deslocamento populacional. Secas prolongadas, inundações e outros desastres naturais devastam comunidades inteiras, forçando migrações em massa. A previsão de que esses fenômenos climáticos se intensificarão ao longo do tempo representa um enorme desafio global, exacerbando crises humanitárias e pressionando governos e organizações internacionais a responder de maneira eficiente.


Créditos- Fotomontagem — Crise climática cria uma nova categoria de migrantes- refugiados do clima.
Créditos- Fotomontagem — Crise climática cria uma nova categoria de migrantes- refugiados do clima.

Outro fator crítico no cenário geopolítico contemporâneo é o radicalismo político e ideológico. O ressurgimento de movimentos extremistas, como os observados recentemente na Alemanha, intensifica divisões internas e alimenta o preconceito contra migrantes e refugiados, complicando ainda mais a resposta humanitária e a gestão de crises migratórias. Esse ambiente de crescente polarização política aprofunda a instabilidade em muitas regiões e ameaça os alicerces da cooperação internacional.


Paralelamente, o avanço da tecnologia está transformando a dinâmica dos conflitos, com a proliferação de armas nucleares e o aumento da importância das tecnologias cibernéticas. Tensões nucleares entre potências como Rússia e Ucrânia, além de conflitos envolvendo Irã e Israel, elevam o risco de uma catástrofe global. Ao mesmo tempo, a guerra digital e os desafios relacionados à cibersegurança se tornaram fatores centrais nas disputas geopolíticas.


A ordem mundial, antes dominada por uma polaridade clara, agora dá lugar a uma estrutura multipolar complexa. O crescimento econômico e militar de potências asiáticas como China e Índia, combinado com o enfraquecimento relativo do poder dos EUA, cria novas dinâmicas globais. Recentemente, China, Índia e Emirados Árabes Unidos abstiveram-se em condenar ações no Conselho de Segurança da ONU, sinalizando sua independência em relação à pressão ocidental. Essas nações, que juntas representam uma parcela significativa da população mundial, estão moldando essa nova ordem geopolítica de acordo com seus próprios interesses.


Ilustração do livro DPIc- Arquitetura, Arte e Imagem — UTOPIA.
Ilustração do livro DPIc- Arquitetura, Arte e Imagem — UTOPIA.

Esse deslocamento do centro de gravidade para a Ásia demonstra a necessidade de um entendimento mais amplo e inclusivo das mudanças geopolíticas. Limitar a análise às narrativas ocidentais pode obscurecer a complexidade dos eventos globais. A Ásia Central, o Sul e o Sudeste Asiático, com suas enormes populações e crescente influência política e econômica, estão redesenhando o mapa geopolítico global, e qualquer leitura que ignore essa realidade será superficial.


Nesse novo contexto, a Geopolítica — agora com uma abordagem mais ampla e global não se limita mais aos interesses ocidentais. A influência e o poder econômico e político estão mais dispersos, tornando difícil para qualquer bloco impor unilateralmente sua visão de mundo. Até mesmo instituições internacionais, como as esportivas e financeiras, estão sendo desafiadas a rever seus papéis e posicionamentos. O futuro geopolítico exige uma perspectiva mais diversificada, que considere as diferentes vozes e interesses que moldam o século XXI, para evitar cair em narrativas simplistas e limitadas.


Comments


bottom of page