top of page

COP28 NEGOCIA NÃO APENAS AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, MAS TAMBÉM AS RIQUEZAS DO HADES

  • Foto do escritor: Mariele Santos
    Mariele Santos
  • 30 de nov. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 3 de ago. de 2024


 


A COP28 se desenrola em um ano marcado por uma sucessão de eventos climáticos extremos, nos quais recordes climáticos foram implacavelmente quebrados. Esta 28ª reunião anual das Nações Unidas sobre o clima visa discutir as estratégias dos governos para limitar e se preparar diante das iminentes mudanças climáticas. No entanto, ao ocorrer em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, de 30 de novembro (hoje) a 12 de dezembro de 2023, levanta questões críticas sobre os verdadeiros interesses em jogo.


A escolha de Al Jaber, CEO da Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc), como presidente da conferência climática gerou controvérsias, visto que é a primeira vez que um líder do setor de combustíveis fósseis assume tal posição. Essa decisão provocou críticas de ativistas climáticos, mas o enviado especial dos EUA para o clima, Kerry, não pareceu abalado.



Pessoa passa por cartaz da COP28 durante reunião sobre ação climática em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos 01/10/2023REUTERS/Amr Alfiky






A denominação COP, representando a “Conferência das Partes”, remete aos países que, desde 1992, assinaram o acordo climático original da ONU. Em meio a esse contexto, a COP28 almeja manter a promessa feita por quase 200 nações em Paris, em 2015, de limitar os aumentos de temperatura global a 1,5º C a longo prazo. Um objetivo crucial, conforme alerta o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), para evitar impactos devastadores das alterações climáticas.

O atual aquecimento a longo prazo já atinge cerca de 1,1ºC ou 1,2ºC em relação aos tempos pré-industriais. Contudo, estimativas recentes sugerem que o mundo caminha para um aquecimento de aproximadamente 2,4° C a 2,7° C até 2100, com números precisos ainda incertos. A ONU adverte que a janela para manter o limite de 1,5ºC está se fechando rapidamente.

Além das metas de Paris, a COP28 destaca a aceleração da transição para fontes de energia limpa, a distribuição financeira para ações climáticas e a busca por um novo acordo para nações em desenvolvimento. No entanto, a crítica se insinua diante dos desafios iminentes. A questão dos combustíveis fósseis, notadamente carvão, petróleo e gás, divide as discussões. Enquanto alguns clamam por uma “redução progressiva”,outros, como a União Europeia, pressionam por uma “eliminação progressiva” total, evidenciando interesses divergentes.

O financiamento também se destaca como ponto de atrito. O acordo na COP27 para um fundo de “perdas e danos” enfrenta incertezas, especialmente diante da recusa dos EUA em reparar climaticamente por suas emissões históricas. A promessa não cumprida de doação de 100 bilhões de dólares por ano aos países em desenvolvimento até 2020 ressurge, esperando ser concretizada em 2023.


Assim, enquanto a COP28 se desenrola, uma tensão subjacente sugere interesses ocultos, pois ela negocia não apenas as mudanças climáticas, mas também as riquezas do Hades — petróleo e gás — em um Oriente Médio que se torna palco dessa delicada dança diplomática e ambiental.

A presença de interesses econômicos substanciais, representados por líderes do setor de energia, adiciona complexidade às negociações. A necessidade de equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e o bem-estar social destaca os desafios intrínsecos a essa discussão na região do Oriente Médio.

Assim, enquanto o Oriente Médio se destaca como o epicentro de uma importante discussão sobre ESG, a COP28 se torna um ponto crucial para avaliar como a região pode moldar seu futuro, não apenas como uma potência energética, mas também como um líder em práticas sustentáveis e responsáveis.





 



REFERÊNCIAS


Esse texto trata majoritariamente as seguintes ODS


ODS 7 — Energia Limpa e Acessível: O texto aborda a transição para fontes de energia limpa, destacando a necessidade de acelerar esse processo na COP28.


ODS 10 — Redução das Desigualdades: Há menções às críticas sobre a escolha de Al Jaber, CEO da Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi, indicando uma preocupação com a desigualdade de poder e interesses no setor de combustíveis fósseis.


ODS 13 — Ação Contra a Mudança Global do Clima: A COP28 tem como objetivo discutir estratégias governamentais para limitar e se preparar diante das mudanças climáticas, alinhando-se com a ação contra a mudança global do clima.


ODS 16 — Paz, Justiça e Instituições Eficazes: A menção à tensão subjacente e interesses ocultos sugere a necessidade de transparência e justiça nas negociações climáticas.


ODS 17 — Parcerias e Meios de Implementação: A discussão sobre financiamento, incluindo o fundo de “perdas e danos” na COP27 e a doação prometida aos países em desenvolvimento, está relacionada à necessidade de parcerias e meios de implementação para alcançar os objetivos climáticos.


ODS 12 — Consumo e Produção Responsáveis: A crítica relacionada aos combustíveis fósseis, especialmente a divergência entre “redução progressiva” e “eliminação progressiva” total, evidencia a importância de práticas responsáveis de produção e consumo na busca por soluções sustentáveis.


ODS 8 — Trabalho Decente e Crescimento Econômico: A menção aos interesses econômicos e a necessidade de equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental destaca a relevância do ODS 8.



Kommentare


bottom of page