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BRANQUEAMENTO CORAL: ENTENDA O IMPACTO DO AQUECIMENTO DOS OCEANOS NOS CORAIS BRASILEIROS

  • Foto do escritor: Mariele Santos
    Mariele Santos
  • 22 de abr. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 3 de ago. de 2024


 

Os corais, embora frequentemente associados a destinos tropicais exuberantes, desempenham um papel crucial também na costa brasileira. Apesar da variedade limitada de espécies de águas rasas, o Brasil abriga uma quantidade surpreendente de diversidade coralínea, com registros de 16 espécies de corais-pétreos ou verdadeiros, e corais-de-fogo. Entre elas, metade são exclusivas das águas brasileiras, demonstrando a importância única desses ecossistemas para a biodiversidade marinha.


Uma das 900 ilhas, neste caso um atol, cercadas de corais por todos os lados. (foto:reiselustigunterwegs blogspot com br).


Estendendo-se desde a foz do Amazonas até Nova Viçosa, no sul da Bahia, uma faixa de mais de 3.000 quilômetros abriga uma vasta riqueza de corais. Essa região, incluindo as ilhas oceânicas, é tão vital para a biodiversidade marinha que em 1997 foi criada a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, a maior unidade de conservação federal do bioma marinho, abrangendo parte dos territórios de Alagoas e Pernambuco. Além disso, o único banco de corais do Atlântico Sul está localizado em Abrolhos, no sul da Bahia.


Entretanto, apesar de sua importância ecológica e econômica, os corais enfrentam uma ameaça crescente: o branqueamento. O branqueamento dos corais é um fenômeno alarmante causado por condições adversas, como o aumento da temperatura da água. Quando expostos a temperaturas extremamente altas, os corais perdem as zooxantelas, organismos simbióticos que lhes fornecem cor e nutrientes essenciais. Esse processo resulta na aparência branca dos corais e os deixa vulneráveis à doenças e morte.


Elaborado: Mariele Santos.


No cenário global, o branqueamento dos corais se tornou cada vez mais frequente e severo. Aquecimento dos oceanos, causado principalmente pelas mudanças climáticas e eventos climáticos extremos como o El Niño, são os principais impulsionadores desse fenômeno. Em todo o mundo, os corais estão sofrendo, inclusive os encontrados ao longo da costa brasileira.


Os impactos do branqueamento dos corais vão além da estética. Eles afetam diretamente a biodiversidade marinha, com redução da capacidade reprodutiva, diminuição nas taxas de crescimento e mortalidade em massa de colônias de corais. Além disso, a perda dos corais pode ter consequências devastadoras para as comunidades costeiras que dependem dos ecossistemas recifais para subsistência e economia.



Foto: Mari Lopes


Diante dessa ameaça crescente, é crucial que medidas sejam tomadas para proteger os corais e os ecossistemas marinhos em geral. Ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, preservar áreas marinhas protegidas e promover práticas de turismo sustentável são essenciais para mitigar os impactos do branqueamento e garantir a sobrevivência dos corais ao longo da costa brasileira e em todo o mundo.


Além disso, é necessário abordar outras ameaças aos corais, como a monocultura da cana-de-açúcar, que pode causar poluição da água por agrotóxicos e outros produtos químicos prejudiciais aos corais. A conservação dos recifes também é vital para a proteção de espécies marinhas em perigo de extinção, garantindo a saúde e a sustentabilidade desses ecossistemas tão importantes para o equilíbrio dos oceanos.


Uma medida inovadora que vem sendo adotada para a preservação dos corais é o congelamento de sêmen de corais. Esse método permite armazenar o material genético dos corais para possíveis futuras reintroduções na natureza ou para estudos científicos. Ao congelar o sêmen dos corais, os cientistas podem contribuir para a diversidade genética desses organismos e aumentar suas chances de sobrevivência em face das mudanças ambientais.


Foto: Leandro Godoy


Essa técnica oferece uma esperança adicional na luta pela conservação dos corais e na proteção dos valiosos ecossistemas recifais ao longo da costa brasileira e em todo o mundo. No entanto, é crucial destacar que a redução das emissões de gases de efeito estufa é o elemento mais importante nesse esforço de preservação. Sem abordar efetivamente as causas subjacentes do aquecimento global, incluindo a redução das emissões de carbono e o desmatamento, será difícil garantir um ambiente propício à sobrevivência dos corais no longo prazo.

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