BARCARENA EM ALERTA: NOVO POLO DE GÁS NATURAL SE TORNA BOMBA-RELÓGIO AMBIENTAL

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Comunidade Vila do Conde, em Barcarena.

O município de Barcarena, no Pará, está se destacando como um novo polo de gás natural com a recente inauguração do primeiro terminal de importação de gás natural liquefeito (GNL) na região Norte. O evento, ocorrido no dia 28 de fevereiro 2024, contou com a presença de figuras políticas importantes, como o governador Helder Barbalho, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o prefeito de Barcarena, Renato Ogawa. O ministro descreveu o início das operações como uma “nova era energética” para a região, destacando o gás natural como uma alternativa mais limpa em comparação a outros combustíveis fósseis, embora ainda contribua para as emissões de gases de efeito estufa.

Novo Projeto de Gás Natural

O terminal de GNL é apenas o começo de uma série de iniciativas relacionadas ao gás natural em Barcarena. Está em construção uma usina termelétrica (UTE) com capacidade inicial de 630 gigawatts (GW), prevista para iniciar operações em julho de 2025. Com planos para expansão, a usina pode alcançar até 2,6 GW, tornando-se a maior termelétrica da América Latina.

Foto- Agência Pública.

Preocupações Ambientais

Apesar dos avanços, a chegada do gás natural e a construção da UTE Novo Tempo levantam sérias preocupações ambientais. Barcarena tem um histórico de 29 acidentes ambientais desde o início deste século, que incluem contaminação de água e ar, além de desastres como o naufrágio de um navio com 5 mil bois vivos. O aumento no uso de gás natural pode intensificar os problemas socioambientais na região, que já enfrenta desafios significativos relacionados ao estresse hídrico e à contaminação da água.

A UTE Novo Tempo demandará grandes quantidades de água para resfriamento das turbinas, com um consumo estimado de 26,2 bilhões de litros por ano. A região já sofre com denúncias frequentes de contaminação de corpos hídricos, agravando a situação para a população local.

O governo do Pará, através da Gás do Pará, também está envolvido na distribuição do gás natural, destacando a importância estratégica do recurso para o desenvolvimento energético do estado. Apesar do entusiasmo de autoridades como o governador Helder Barbalho, que vê o gás natural como um marco histórico com potencial para expansão em veículos e residências, há uma crescente preocupação com o impacto ambiental cumulativo desses novos empreendimentos.

População em Alerta

A líder comunitária Euniceia Fernandes Rodrigues em entevista para @agenciapulbica relata que a água dos rios em Barcarena está imprópria para consumo, afetando a saúde e a subsistência das comunidades locais. A falta de controle e transparência nos processos de licenciamento ambiental, juntamente com a pressão sobre os recursos naturais, geram uma sensação de insegurança entre os moradores.

Região é a mais diretamente afetada pelas indústrias.

Moradores da comunidade Vila Nova Itupanema veem de suas casas o navio regaseificador no terminal GNL.

Desde a década de 1980, Barcarena viu sua população crescer mais de 500%, impulsionada pela instalação de indústrias. O distrito industrial da cidade abriga quase uma centena de empresas e enfrenta recorrência de acidentes ambientais.

Não há, até o momento, estudos que mostrem uma correlação direta entre o contato com as substâncias tóxicas advindas das indústrias locais e um aumento de problemas de saúde na população de Barcarena. Mas, entre as fontes ouvidas pela Agencia Pública e por outros veículos de comunicação que abordaram o histórico do município paraense, se amontoam os relatos de um número anormal de cânceres, doenças de pele e nascimento de crianças com comorbidades.