top of page

A IA NAS OLIMPÍADAS DE PARIS 2024: ENTRE INOVAÇÃO E CONTROVÉRSIA

  • Foto do escritor: Mariele Santos
    Mariele Santos
  • 7 de ago. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 6 de fev.


 


A importância da divulgação clara de que a IA deve ser vista como uma ferramenta e não como um substituto da criatividade humana não pode ser subestimada.

A zagueira brasileira Patricia Matieli tenta marcar um gol contra a pivô húngara Reka Bordas e a lateral direita húngara Anna Albek durante a partida de handebol do Grupo B — Foto- Aris MESSINIS / AFP.jpg
A zagueira brasileira Patricia Matieli tenta marcar um gol contra a pivô húngara Reka Bordas e a lateral direita húngara Anna Albek durante a partida de handebol do Grupo B — Foto- Aris MESSINIS / AFP.jpg

Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 estão em destaque não apenas pelas performances excepcionais dos atletas, mas também pelo uso inovador e controverso da Inteligência Artificial (IA). Esta edição das Olimpíadas tornou-se um laboratório de experimentação tecnológica, graças à “Agenda Olímpica de IA” lançada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). O objetivo é integrar a IA de forma abrangente, promovendo eficiência, inclusão e inovação. No entanto, a presença da tecnologia também tem gerado debates sobre suas implicações éticas e sociais.


Uma das principais iniciativas do COI é a proteção dos atletas contra abusos online. Um sistema de IA foi implementado para monitorar e filtrar conteúdos prejudiciais em tempo real nas redes sociais. Embora esta tecnologia represente um avanço significativo na promoção de um ambiente digital mais seguro, ela também levanta questões sobre privacidade e o poder das máquinas em moderar o discurso público.


Cristiano Felício, número 06 do Brasil, tenta o rebote na partida do grupo B da fase preliminar masculina de basquete entre Brasil e Alemanha durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024, no estádio Pierre-Mauroy em Villeneuve-.jpg
Cristiano Felício, número 06 do Brasil, tenta o rebote na partida do grupo B da fase preliminar masculina de basquete entre Brasil e Alemanha durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024, no estádio Pierre-Mauroy em Villeneuve-.jpg

A brasileira Marina Fioravanti pega a bola e passa por Sesenieli Donu de Fiji durante a partida de rúgbi sevens feminino — Foto- CARL DE SOUZA / AFP.jpg
A brasileira Marina Fioravanti pega a bola e passa por Sesenieli Donu de Fiji durante a partida de rúgbi sevens feminino — Foto- CARL DE SOUZA / AFP.jpg

Na arena esportiva, a IA está redefinindo a análise de performances, especialmente na ginástica. O Judging Support System (JSS) utiliza câmeras e algoritmos para analisar os movimentos dos ginastas em tempo real, ajudando os juízes a tomar decisões mais precisas. Embora esta tecnologia prometa uma avaliação mais justa, ela também suscita dúvidas sobre o papel humano na arbitragem esportiva.


À medida que as máquinas assumem funções de julgamento, até que ponto os humanos são necessários no processo decisório? Além disso, a parceria entre a Olympic Broadcasting Ceremony (OBS) e a Omega utiliza IA para melhorar a precisão da cronometragem em vários esportes, o que, embora benéfico para a precisão, pode também reduzir a emoção e a imprevisibilidade das competições.


Os telespectadores dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 estão desfrutando de uma experiência de visualização aprimorada graças à IA. A Alibaba, parceira oficial dos Jogos, oferece um serviço de multicâmeras alimentado por IA que garante replays de alta qualidade e imagens em 3D. Enquanto essa tecnologia eleva a experiência visual, ela também destaca a crescente dependência da tecnologia para criar experiências de entretenimento, levantando a questão: estamos sacrificando a autenticidade e a espontaneidade em nome da perfeição digital?


Rachel Klamer, da Holanda, compete na prova de ciclismo durante o triatlo individual feminino — Foto- Ben Stansall / AFP.
Rachel Klamer, da Holanda, compete na prova de ciclismo durante o triatlo individual feminino — Foto- Ben Stansall / AFP.

Além dos avanços, a IA nos Jogos de Paris também gerou controvérsias. O Google enfrentou críticas ao lançar um anúncio da ferramenta de IA Gemini, que foi retirado após reações negativas do público. O anúncio, que mostrava um pai usando a IA para escrever uma carta para sua filha, foi acusado de promover a dependência da tecnologia em detrimento da expressão pessoal humana. Esta situação ilustra a tensão crescente entre os benefícios prometidos pela IA e o medo de que ela sufoque a criatividade e a autenticidade humana.


Com informações do Ad Age, o Google decidiu parar de exibir o comercial “Dear Sydney” na televisão dos Estados Unidos após uma onda de críticas nas redes sociais. Embora o vídeo ainda esteja disponível no YouTube, os comentários foram desativados pela empresa. Desenvolvido internamente, o anúncio pretendia promover a plataforma de IA Gemini ao mostrar um pai ajudando sua filha a escrever uma carta para a velocista olímpica Sydney McLaughlin-Levrone.


Comercial recebeu críticas por pedir à IA que escrevesse carta (Crédito- Reprodução).
Comercial recebeu críticas por pedir à IA que escrevesse carta (Crédito- Reprodução).

No entanto, a escolha do pai de delegar à IA a tarefa de escrever a carta gerou uma avalanche de críticas. Muitas pessoas argumentaram que a campanha estava incentivando uma dependência excessiva da tecnologia, potencialmente atrofiando a capacidade das crianças de expressarem seus próprios sentimentos e pensamentos.


O comercial teve uma exibição significativa durante a cobertura dos Jogos Olímpicos pela NBCU, a emissora detentora dos direitos de transmissão nos Estados Unidos, além de ser veiculado em outros canais. Em resposta às críticas, o Google optou por retirar o anúncio gradualmente da programação, apesar de ter inicialmente defendido a peça como uma celebração autêntica do Time USA e uma demonstração do potencial criativo da IA.


Desde o avanço do ChatGPT (OpenAI), as gigantes tecnológicas têm implementado aplicações de alta velocidade que possibilitam a geração de textos, imagens e outros conteúdos de elevada qualidade, mediante utilização de linguagem do dia-a-dia. É essencial reconhecer que a IA, por mais avançada que seja, não possui emoções, intuições ou experiências pessoais que moldam a criatividade humana.


O brasileiro Gustavo Batista durante o treino de qualificação do Cycling BMX Freestyle Park — Foto- JEFF PACHOUD / AFP.
O brasileiro Gustavo Batista durante o treino de qualificação do Cycling BMX Freestyle Park — Foto- JEFF PACHOUD / AFP.

A IA pode gerar textos, imagens e até composições musicais, mas esses produtos são o resultado de algoritmos que processam dados e padrões, e não de um processo emocional ou intuitivo. A criatividade humana é intrinsecamente ligada à nossa capacidade de experimentar emoções, refletir sobre nossas experiências e expressar aspectos únicos de nossa subjetividade. A IA, por sua vez, é uma ferramenta poderosa para automatizar tarefas, otimizar processos e fornecer insights baseados em dados, mas nunca poderá substituir a profundidade emocional e a originalidade que caracterizam o trabalho humano criativo.


Comments


bottom of page